O momento da despedida é sempre o mais amargo e triste e em Harry Potter e as Reliquias da Morte: Parte 2 não é diferente. Estreava no dia 16 de novembro de 2001 Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Philosopher’s Stone, 2001). Quase 10 anos e sete filmes depois, o dia 15 de julho de 2011 marca o fim da saga de Harry Potter e seus amigos. Enquanto em Harry Potter e as Reliquias da Morte: Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1, 2010) marcava o começo do fim com uma sensação de amargura e tristeza, Harry Potter e as Reliquias da Morte: Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2, 2011) nos envolve em uma nota épica, comovente e por que não, maravilhosa.
O inicio de Harry Potter e as Reliquias da Morte: Parte 2 é entregue num completo silêncio, a parte 2 começa exatamente onde a Parte 1 terminou. vemos imagens do Professor Snape (Alan Rickman) observando do alto de uma torre a escura e cinzenta Hogwarts, até o triste momento em que vemos o túmulo de Dobby “O Elfo Livre” e como uma brisa fria e pesada a sensação de que “Tudo Termina” paira no ar. Parte 2 continua a acompanhar os esforços de Harry Potter (Daniel Radcliffe), Ron (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) na busca e destruição das horcruxes que fará com que seu arqui-inimigo, Lord Valdemort (Ralph Fiennes), se torne vulnerável. Enquanto isso Lorde Valdemort, depois de conquistado “a varinha mágica para a todos governar”, mobiliza suas tropas numa caçada implacável a Harry Potter afim de impedi-lo de concluir sua caçada.
Aproximadamente a primeira metade de Parte 2 mantêm seu foco pela busca as horcruxes, mas ao contrário da Parte 1, que embora alguns acabaram não gostando devido ao seu desenrolar lento e sem muita objetividade, o ritmo da Parte 2 é fluente se move num tom de urgência. Uma vez que a Batalha de Hogwarts começa, o filme acelera feito uma Firebolt em alta velocidade em direção ao confronto entre Harry e Lord Valdemort.
O roteirista Steve kloves, que adaptou seis dos sete livros (ele se afastou de A Ordem da Fênix para que pudesse começar a trabalhar em O Enigma do Príncipe) e o diretor David Yates, que dirigiu os últimos quatro capítulos, mudaram alguns detalhes da batalha final para deixa-los mais cinematográfico. Em deferência aos livros, eles mantiveram os principais eventos intactos. No entanto, eles fazem da Batalha de Hogwarts ser menos épica se comparada a expansão do livro feita por Peter Jackson na Batalha de Helms Deep em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, 2002). A Batalha é mostrada em pedaços mas permanece em grande parte no plano de fundo enquanto a história concentra-se na busca pelas horcruxes. Acontecimentos importantes e mortes de personagens chaves ocorrem fora de tela durante a batalha e só reconhecemos eles através de uma rápida contagem de corpos.
Porém, não fica evidente se adicionar pirotecnia teria deixado o resultado final menos espetacular. Yates demonstra compreender este mundo ao apresentar tomadas brilhantemente inesperadas para um filme desta magnitude e a trilha composta por Alexandre Desplat mais uma vez é grande destaque ao retratar a melancolia e a tristeza de ver a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts ser destruida pelo embate. Mas derrotar Voldemort não é um evento único, é um processo e com Harry Potter, como acontece com muitas histórias épicas de fantasia, a viagem é muito mais importante e interessante que o destino. É quase impossível atender às expectativas. Mas o que importa é que David Yates e Steve Kloves contaram a história com clareza e amarrando todas as pontas, culminando no conflito que durou uma década.
A Saga Harry Potter tem ficado com tons mais escuros, tanto no visual quanto na temática desde Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisioner of Azkaban, 2004), onde começou sua transição de material infanto juvenil em algo mais substantivo e maduro. A fotografia de Eduardo Serra que deu continuidade ao seu trabalho, é mais uma vez ricamente sombria e de uma beleza sinistra. Aqui, Hogwarts não é mais aquele lugar quente, movimentado e cheio de possibilidades, mas sim uma fortaleza temível e gélida com os Comensais da Morte observando atentamente cada aluno, e onde o Professor Snape dita as regras como se liderando seu próprio regime fascista.
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Reliquias da Morte: Parte 2 alcança uma nota quase impossível se tratando de um mundo fantástico, permitindo que Harry Potter saia de cena deixando uma sensação de dever cumprido. Os fás discutirão qual o melhor filme da saga, mas fica evidente que Reliquias da Morte: Parte 2 estará facilmente no Top 3 de muitos devido ao seu ritmo e seu entretenimento de tirar o fôlego. Durante dez anos acompanhamos o crescimento tanto físico quanto de atuação do trio de protagonistas e neste capítulo final eles oferecem algumas das performances mais solidas. Daniel Radcliffe, o menino ingênuo e de sorriso fácil de A Pedra Filosofal, tornou-se um homem bravo e heróico. Emma Watson perdeu sua expressão de madeira e se lapidou em uma linda mulher, assim como no filme anterior ela está mais emocionante e atenta do que em qualquer filme anterior. E Rupert Grint evoluiu de um palhaço para uma figura valente e carismática.
Outros personagens se desenvolveram e cresceram seu caráter de forma brilhante como o desajeitado Neville Longbottom (Matthew Lewis) se torna um personagem simpático e heróico. Mas Helena Bonham Carter como a louca gótica Bellatrix Lestrange se destaca em um momento neste filme. Hermione, usando a poção polisuco, toma a forma de Bellatrix, o que vemos é o corpo de Boham Carter com a voz de Watson. Ao ver Bonham Carter representar os ímpios e costumes de Hermione é uma maravilhosa demonstração de atuação; cujo qual eu quase acreditei que estava olhando para uma versão digital de Emma Watson. Alan Rickman, como o sinistro diretor de Hogwarts merece um prêmio por sua interpretação como Servero Snape, ele está simplesmente maravilhoso e emocionante, assim como a carismática Meggie Smith.
Então chegou a hora. A hora de dizer até logo. Até logo ao Sr. Potter, cujas aventuras tornaram-se uma maneira confortável e agradável de marcar a passagem dos anos. Assim como Harry Potter, muitos de seus espectadores mais devotos cresceram junto com a série e o lançamento de As Reliquias da Morte: Parte 2 é a causa para uma justaposição de alegria e tristeza. Alegria que a história foi contada em sua totalidade, a tristeza é que não haverá mais outro capitulo. O epilogo, cuidadosamente adaptado, com os personagens supostamente na meia idade. Não aparentam 19 anos mais velhos, mas sim apenas algum tempo depois, no entanto, o publico pode relevar isso sem maiores problemas. Mas fornece também uma nota de encorajamento que um projeto desta magnitude merece.
É sempre difícil dizer adeus para aquilo que gostamos, sempre fica um sabor amargo na garganta olhar para frente e ver que acabou. Mas felizmente os livros e os filmes têm uma vantagem singular sobre a vida real: A despedida nunca dura para sempre, e aqueles que não estão prontos para deixar a série ir embora podem sempre voltar ao inicio, eu muito certamente irei revisitar inúmeras vezes os livros e os filmes de Harry Potter, e quem sabe ler e acompanhar junto com o meu filho(a) (isso se um dia eu tiver um), e reparar se a magia que me cativou acompanhará ele.
Se despedir ao ver o Expresso de Hogwarts partindo da plataforma 9 3/4 pela última vez pode ser triste, mas lembrar dos bons momentos faz com que toda a experiência tenha valido a pena.
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